Cientistas descobrem emissões inesperadas de metano em paisagens pouco estudadas do Alasca
São PauloPesquisas recentes revelaram que as áreas de terras altas do Alasca estão liberando muito mais metano do que o previsto. Essa descoberta evidencia uma importante fonte de emissões de metano que antes era considerada irrelevante ou até mesmo benéfica no armazenamento de carbono.
Katey Walter Anthony, uma professora pesquisadora da Universidade do Alasca Fairbanks, junto com sua equipe, investigou os níveis de metano em 1.200 locais ao longo de três anos. Eles trabalharam em 25 regiões, incluindo várias áreas secas como florestas, pastagens e tundra.
Principais descobertas incluem:
- Altos níveis de emissões de metano em áreas altas.
- Metano composto por carbono antigo, com milhares de anos.
- Emissões significativas no inverno, superando até mesmo os pântanos do norte.
As elevadas emissões dessas áreas altas, especialmente dos montes de termocarst com depósitos de Yedoma, têm surpreendido os cientistas. Normalmente, as emissões de metano estão associadas a zonas úmidas onde a baixa concentração de oxigênio ajuda os microrganismos a produzir metano. No entanto, essas áreas mais secas estão liberando ainda mais metano, o que preocupa especialistas sobre os efeitos do degelo do permafrost no clima.
Antes pelo Ano todo: Micróbios, taliks e a ameaça do metano
Pesquisadores usaram métodos avançados, como datação por radiocarbono e estudo da genética microbiana, para identificar a origem do metano. Eles descobriram que os taliks, áreas de solo não congelado que permanecem quentes no inverno, são grandes fontes desse gás. Esses taliks mantêm os microrganismos ativos durante todo o ano, resultando em mais emissões de metano. Isso é particularmente preocupante para os depósitos de Yedoma, que contêm grandes quantidades de carbono. Quando esse carbono se decompõe em condições de baixo oxigênio, libera grandes quantidades de metano.
Metano: Um Desafio Climático
O metano é um gás de efeito estufa extremamente potente, sendo de 25 a 34 vezes mais forte que o dióxido de carbono. Isso implica na necessidade de atualizar nossos modelos climáticos e priorizar a contenção da liberação de metano em áreas específicas. Com o aquecimento do Ártico, aparecerão mais bolsões de solo descongelado, resultando em uma liberação ainda maior de metano.
Pesquisas recentes revelam que o impacto do carbono do permafrost pode ser mais grave do que imaginávamos. O estudo enfatiza a importância de monitorar e modelar as emissões de metano em terrenos mais altos para compreender e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Assim, é fundamental reavaliar os riscos climáticos nessas regiões para subsidiar futuras pesquisas e decisões políticas.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-50346-5e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
K. M. Walter Anthony, P. Anthony, N. Hasson, C. Edgar, O. Sivan, E. Eliani-Russak, O. Bergman, B. J. Minsley, S. R. James, N. J. Pastick, A. Kholodov, S. Zimov, E. Euskirchen, M. S. Bret-Harte, G. Grosse, M. Langer, J. Nitzbon. Upland Yedoma taliks are an unpredicted source of atmospheric methane. Nature Communications, 2024; 15 (1) DOI: 10.1038/s41467-024-50346-5Compartilhar este artigo